Formar uma pastagem de qualidade pode representar uma boa oportunidade para engordar o gado, mas para isso é necessário entender sua demanda por alimento e como ele responde a determinada dieta. Com a pastagem não é diferente, sem entender o que a planta demanda, ela dificilmente terá um desenvolvimento saudável. Para expressar seu potencial produtivo as plantas precisam, necessariamente, que os nutrientes estejam disponíveis em quantidade e de forma equilibrada no solo. Além disso, a escolha da espécie forrageira deve ser condizente com o clima da região, e a estrutura do solo deve ser adequada para ela.

Investir em pastagem de qualidade não é mais uma alternativa, mas sim a realidade para quem deseja expandir os negócios e aumentar os lucros na atividade.

Mas como isso pode ser feito? Confira nesse artigo os passos necessários para formar uma boa pastagem.

Diagnóstico da propriedade: parte fundamental de toda boa pastagem

Para formar uma boa pastagem, estão abaixo algumas indicações para diagnosticar sua propriedade:

  • Ter informações sobre a localização total da área;
  • Caracterização do solo (por meio de análise);
  • Dados climáticos completos da região e acesso a recursos hídricos;
  • Qual sistema de produção integrado se adapta melhor na propriedade (rebanho, lavoura e floresta);
  • Quais são as benfeitorias e instalações na propriedade (e o que pode ser construído);
  • Força de trabalho e qualificação profissional;
  • Existe presença de plantas invasoras na área;
  • Como é realizado o manejo dos animais.

Com a compilação dessas respostas, o pecuarista terá maiores condições de definir, quando e como começar a formação da pastagem, além de quanto recurso financeiro poderá destinar ao investimento.

Neste sentido, como exemplo, a produtividade de carne em uma pastagem degradada é de aproximadamente 30 kg/ha/ano, enquanto em uma área em bom estado esse número pode chegar a 300 kg/ha/ano.

Características que toda boa pastagem deve ter

Por pesquisas realizados na área, é possível definirmos quais são as características desejáveis de uma boa pastagem. Em primeiro lugar, as características de uma boa pastagem estão diretamente ligadas aos aspectos fisiológicos de cada cultivar e aos fatores ambientais como clima, disponibilidade hídrica e nutrientes do solo.

Gramíneas forrageiras dos gêneros Panicum, Brachiaria e Cynodon, quando bem manejadas, podem constituir a alimentação principal do rebanho. No entanto, as particularidades de cada planta, aliadas às condições de produção (correção do solo, adubação e disponibilidade hídrica, por exemplo) determinarão a produtividade no ganho animal.

Ainda assim, o reconhecimento de uma pastagem com boa condição pode ser observado por meio da observação dos seguintes aspectos visuais:

  • Rebrotação uniforme;
  • Plantas folhosas;
  • Boa cobertura do solo;
  • Ausência de erosão;
  • Maior resistência a pragas e doenças, além de baixa ocorrência de plantas invasoras.

Outra recomendação relevante é sobre quais as melhores utilizações para as espécies ou cultivares mais plantadas no país:

  • Pastejo: todas as espécies;
  • Feno: Massai, Aruana, Tanzânia, Ruziziensis e Tifton;
  • Silagem: Mombaça, Tanzânia, Xaraés e Capim Elefante;

Tropa: Humidícolas, Andropogon, Estilosantes, Panicuns (consorciado ou solteiro) e Cynodon

Áreas degradadas: sinal de alerta que merece total atenção

A degradação das pastagens pode ocorrer por diversos motivos, como o uso inapropriado do solo, uso de forrageiras inadequadas para a área, falta de medidas conservacionistas, superpastejo e a não reposição de nutrientes no sistema. Quando estes elementos ocorrem na operação, podemos dizer que “o barato sai caro”.

A Lei de Liebig (que estabelece que o desenvolvimento de uma planta será limitado pelo nutriente deficitário, mesmo que todos os outros elementos ou fatores estejam presentes) pode ser aplicada também à operação pecuária. O “nutriente deficitário” é o pasto que está degradado, que por sua vez não oferta o alimento suficiente para o gado, que não engorda. Uma operação em que o boi não engorda, não tem lucro.

Coleta e amostragem do solo em pastagem

O processo de entender quais nutrientes estão disponíveis no solo começa com uma amostragem bem feita. A amostragem tem por objetivo caracterizar a fertilidade de um talhão ou área, de grande dimensão, por meio de uma pequena fração de solo.

Entender as dimensões do processo e a importância de seguir as recomendações pode fazer toda a diferença nas margens da operação. Imagine uma área de 5 hectares, e uma camada de 0-20 cm do solo. O volume de terra destes 5 hectares nesta camada pesa cerca de 2.000 toneladas (se usarmos uma densidade de 1 g/cm³), a amostra que chega ao laboratório pesa cerca de 500 g, e a amostra que é efetivamente analisada pesa cerca de 10 g. Portanto, é fundamental que a amostragem de solo seja realizada de maneira criteriosa, desde a definição do local de amostragem até o envio para o laboratório, para garantir que a amostra seja representativa do pasto ou talhão em questão.

O primeiro ponto a ser definido é onde amostrar. Não raramente, as amostras de solo são coletadas por região da fazenda ou, em alguns casos, observando somente a cultura, sem distinguir outras características necessárias, o que leva a falha na interpretação do resultado, seguido de ineficiência das estratégias de correção e adubação. Os principais fatores a serem considerados para definir o local de amostragem são:

  • HISTÓRICO: Culturas e uso anterior, produtividade, etc;
  • TOPOGRAFIA DO TERRENO;
  • FINALIDADE: Feno, silagem, pastejo, de acordo com nível de intensificação, etc;
  • ESPÉCIES: Espécie forrageira ou cultura agrícola.

A amostragem de solo em áreas de pastagem deve ser realizada, preferencialmente, ao final do período chuvoso. Na região de Brasil central esse período vai de março a maio. No final do período das águas, o solo ainda está úmido (o que facilita a amostragem) e a amostra é enviada para o laboratório bem antes das próximas correções e adubações.

Como a correção do  pH solo deve ser realizada antes das adubações, quanto antes tivermos a análise, melhor para realizar o planejamento de correção e adubação das pastagens, em busca de melhores preços e tempo adequado de planejamento e execução.

As coletas de solo devem ser realizadas em profundidades de 0-20 cm e 20-40 cm. A análise de 0-20 cm é usada para recomendações de correção e adubação de solo nas camadas superficiais, enquanto as amostras de 20-40 cm serão usadas para recomendação e análise da camada subsuperficial do solo.

Existem diversas opções de ferramentas para coleta de solo. É importante que as ferramentas estejam limpas anteriormente ao uso para amostragem, ou seja, livre de contaminações que irão interferir na amostra.

Recomenda-se realizar a coleta em 15 a 20 pontos por amostra. Deve-se planejar o caminhamento no pasto ou talhão de forma que sejam coletadas amostras de todas as regiões do local de amostragem.

Em cada local de amostragem, retirar uma subamostra da camada de 0-20 cm e, em seguida no mesmo ponto, de 20-40 cm. Essas amostras deverão estar em baldes separados. Após finalizar a coleta de todos os pontos, deve-se homogeneizar as subamostras para compor uma amostra de 350-500g, que deverá ser colocada em um saco plástico para ser encaminhada ao laboratório.

Deve-se identificar os sacos plásticos com as informações necessárias para análise, sendo elas:

  • Nome do solicitante;
  • Nome da Fazenda;
  • Município;
  • Endereço para envio dos resultados;
  • Número da amostra;
  • Pasto ou talhão;
  • Profundidade;
  • Cultura;
  • Data de coleta do solo.

Também deverá ser informado ao laboratório a análise solicitada. Nesse ponto é de fundamental importância consultar um técnico, de preferência o técnico que irá interpretar o resultado laboratorial, para determinar as análises a serem solicitadas.

As análises podem ser físicas, químicas (macro e micronutrientes), análise de fósforo por resina e/ou Melich, frações da matéria orgânica ou não, entre outros tipos.

Como realizar o manejo de uma pastagem?

Antes de mais nada é necessário esclarecer que o manejo de pastagem é um conjunto de ações adotadas na atividade pecuária para que o rebanho obtenha o melhor aproveitamento da forragem. Dessa maneira, um ponto de importância dessa técnica é conseguir manter as condições de desenvolvimento da pastagem e a conservação do solo.

Diante disso, para alcançar esses objetivos são adotados sistemas de pastejo, que nada mais são do que a forma como os animais são movimentados nas áreas de pastagens. Os tipos mais utilizados são: contínuo, rotacionado e diferido.

Para que esses métodos alcancem resultados efetivos é necessária a mensuração de conceitos técnicos que indicarão a quantidade de animais e o tempo ideal para permanência na área estabelecida.

A seguir vale a pena entender melhor o que significa cada um destes conceitos técnicos relacionados ao manejo de uma pastagem:

  • Taxa de lotação: obtida por meio do cálculo entre o número de unidades animais (1 UA = 450 kg) e a área ocupada. O uso dessa simbologia tem objetivo de padronizar o resultado de diferentes espécies animais sobre o pasto.
  • Pressão de Pastejo: Avalia a relação entre o peso vivo do animal (PV/kg) e a quantidade de forragem disponível (PV/kg matéria seca/dia). Esse índice apresenta três etapas que merecem atenção durante o manejo: pastejo ótimo (ideal), subpastejo (taxa de lotação baixa) e superpastejo (taxa de lotação alta).
  • Oferta de forragem: é utilizada para avaliar a quantidade de matéria seca (MS) de capim disponível para cada 100 kg de peso vivo do animal, por dia. Para conseguir esse resultado é realizada a pré-secagem da forragem.
  • Capacidade de suporte: utilizando os índices da taxa de lotação e pressão de pastejo é possível verificar qual a quantidade máxima de animais em uma determinada área. Fatores como solo, clima e cultivar plantado ajudam a estabelecer a oferta de pasto ao longo do ano.

Dicas para melhorar o manejo da pastagem

Uma das ações mais efetivas no pastejo é monitorar a altura da forrageira, que considera a altura de entrada e saída dos animais na área. Quando a opção utilizada é o manejo rotacionado, a recomendação é sempre seguir a indicação de período de descanso específico para cada cultivar.

Contudo, é preciso reforçar que a fase de recuperação da área não deve passar do limite estabelecido, já que ocorrerá o envelhecimento da planta e acúmulo de talos e material morto. O resultado direto é o menor consumo dos animais e redução no ganho de peso.

Em síntese, não existe uma ‘receita pronta’ para formar uma pastagem de qualidade, mas, sim uma série de medidas que vão desde o reconhecimento da propriedade até a meta estabelecida na produção pecuária.

Vale ressaltar ainda que a presença de um profissional qualificado para auxiliar com o manejo dos pastos pode fazer toda a diferença no resultado da operação.

Uma solução para o manejo de pastagens: O KonectPasto

O KonectPasto é um sistema especialista em manejo de pastagens intensivas com:

  • Coleta de dados por diferentes hardwares em campo.
  • Software desenvolvido para auxiliar no monitoramento das principais atividades nas áreas de produção em pasto.

O KonectPasto tem como proposta fornecer uma solução consistente e eficiente, com baixa dependência humana para tomadas de decisões diárias, de fácil uso para o manejador e completa de informações para consultores e gestores do sistema de produção.

Fundamenta-se no manejo do pastejo por altura, e através do acompanhamento das medidas tomadas em campo e do uso de suplementação, sugerem recomendações de ajustes em suplementação ou taxa de lotação, para manter o equilíbrio entre a oferta e a demanda de forragem, assegurando melhores índices zootécnicos, econômicos e ambientais.

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